Existe algo melhor do que passar as tardes brincando? Desde que as brincadeiras sejam legais, atrativas e diferentes. É isso que busco a cada tarde com um grupo de alunos das séries iniciais do Ensino Fundamental que frequentam o CLUBE do CID (Centro Integrado de Desenvolvimento) no turno oposto às aulas.
O CLUBE é um espaço lúdico em que a interação e a diversidade proporcionam diferentes aprendizagens. O grande desafio desse momento é fazer da tarde um momento divertido e descontraído, aprendendo um pouco mais. Assim, através das brincadeiras, busco diferentes maneiras de aguçar a
curiosidade e despertar as vontades desses alunos.

Não é de agora que lemos autores que falam da importância do brincar para o desenvolvimento infantil. É através do brincar que a criança começa a interagir e aprende a conviver com os outros. É brincando que a criança experimenta diferentes situações e estimula a sua criatividade.



Os alunos do CLUBE encontram-se, segundo Piaget, no estágio das operações concretas, onde são capazes de jogar de acordo com as regras sendo fiéis a elas. Assim, através das brincadeiras é possível problematizar situações de uma sociedade real, despertando neles da vontade de, brincando, encontrar soluções aos diferentes problemas e desafios que encontramos.
Assim, é aproveitando essa vontade de brincar com as curiosidades e desejos de cada um que o CLUBE é formado. Esse espaço não está nos currículos escolares e nem vem como uma obrigatoriedade aos alunos. Entretanto sua riqueza de relacionamentos e vivências auxiliam no desenvolvimento e na organização desses alunos, tanto com o grupo como com seus pertences e sua rotina.
A grande maioria dos integrantes do CLUBE são os alunos das turmas em Ensino Fundamental do CID durante o turno da manhã.

 

Assim, temos a oportunidade de enxergar cada aluno de novas maneiras, vendo os aspectos cognitivos, físicos e afetivos em diferentes momentos de relacionamento e situações.

A cada dia da semana temos uma proposta diferente, como atividades de artes, teatro, robótica, natação e um projeto de Educação Ambiental, buscando sempre utilizar as atividades como uma ferramenta lúdica de aprendizagem.

Através dos jogos, é possível trabalhar com os alunos as mais diversas relações e conceitos de grupo. Nesses momentos de jogar, as diferenças de relacionamento entre eles são minimizadas e as relações estreitadas, em um primeiro momento em prol do jogo e de conquistar o objetivo. Em muitos momentos essas relações de amizades ultrapassam o jogo e passam a fazer parte da rotina do grupo.

As crianças se beneficiam de diversas maneiras ao brincarem com seus pares. Elas desenvolvem habilidades necessárias para a sociabilidade e a intimidade, fortalecem os relacionamentos e adquirem um senso de identidade. Elas adquirem liderança, habilidades de comunicação, cooperação, papéis e regras” (PAPALIA e OLDS: 2000, p.295)


O jogo ainda possibilita a simulação de situações e o extravasar nas alternativas para poder experimentar cada sensação e suas consequências, assim ensaiando para as relações posteriores.
Assim como em cada dia temos uma ferramenta diferente, com enfoques diferenciados, há tarefas que estão sempre presentes quando estamos falando em grupo, que é a convivência que nos ensina. Algo que está muito além do que são ensinados nos cadernos, valores que serão levados com esses alunos em suas trajetórias: o poder da amizade, da empatia e da troca entre cada um dos alunos nos dá a certeza de que desse grupo sairão cidadãos críticos, formadores de ideias e capazes de fazer a diferença para a sociedade.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
PAPALIA, Diane; OLDS, Sally. Desenvolvimento Humano. 7. ed. Porto Alegre: Artes Médicas,
2000.p 295.

Ester Milman Chrempach (Teca)
Professora

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